Os ricos que paguem a crise
Há que tirar o chapéu ao Ministro das Finanças. E bater palmas logo de seguida. A medida anunciada na semana passada de alteração das taxas de retenção na fonte é um truque mirabolante para tentar compensar as pessoas - as menos remuneradas e não todas, como parecia a quem ouvisse muita da nossa comunicação social... - pelo miserável desempenho da nossa economia e pelo continuado apertar do cinto, apesar das declarações fantasiosas do nosso Ministro da Economia que, com a sua voz monocórdica e angelical, de estilo Xanax, tenta hibernar as preocupações dos portugueses enquanto não chega a Primavera - não a verdadeira mas a do crescimento irlandês. Parece que, com estas novas taxas, alguns portugueses não vão emprestar tanto dinheiro ao Estado. Sim, porque é isso que todos fazemos quando permitimos que este nos retire à cabeça bem mais do que aquilo que lhe seria teoricamente devido, para apenas nos devolver um ano depois. Doze meses. Trezentos e sessenta e cinco dias. Limpinho, sem juros e sem espinhas. Como se não bastasse a forma discricionária e pouco transparente como muitas vezes o gasta. E chamam a isto liberdade.
Infelizmente, os nossos concidadãos estão tão mal habituados que nem sequer questionam tudo isto. Provavelmente são já efeitos do Pinho a falar de mansinho.
Mas, a acrescentar a isto, que por si só já é um atentado aos nossos direitos, só permitido por ser feito pelo Estado, monopolista da extorsão legal - temos ainda a implementação temporária de uma segunda taxa progressiva de IRS. Assim, e até ao Verão de 2007, todos aqueles que tenham vencimentos superiores a cerca de 2000 euros brutos por mês, o que não faz deles multimilionários, passarão a emprestar um pouco mais do seu dinheiro ao Estado a taxa zero, perdendo claramente poder de compra. Estamos na presença de uma espécie de Empréstimo Obrigacionista à força e sem retorno. Quanto mais ganhas, mais dás. E não pias porque, como és rico, ninguém te protege. Faz-te falta? Tira os miúdos do colégio, muda-te para uma casa mais pequena, não vás comer a sítios tão bons. Os ricos que paguem a crise.
Democracia sem liberdade é como um carro sem motor. É excelente para mostrar a quem passa, mas não nos tira do buraco onde estamos.
Infelizmente, os nossos concidadãos estão tão mal habituados que nem sequer questionam tudo isto. Provavelmente são já efeitos do Pinho a falar de mansinho.
Mas, a acrescentar a isto, que por si só já é um atentado aos nossos direitos, só permitido por ser feito pelo Estado, monopolista da extorsão legal - temos ainda a implementação temporária de uma segunda taxa progressiva de IRS. Assim, e até ao Verão de 2007, todos aqueles que tenham vencimentos superiores a cerca de 2000 euros brutos por mês, o que não faz deles multimilionários, passarão a emprestar um pouco mais do seu dinheiro ao Estado a taxa zero, perdendo claramente poder de compra. Estamos na presença de uma espécie de Empréstimo Obrigacionista à força e sem retorno. Quanto mais ganhas, mais dás. E não pias porque, como és rico, ninguém te protege. Faz-te falta? Tira os miúdos do colégio, muda-te para uma casa mais pequena, não vás comer a sítios tão bons. Os ricos que paguem a crise.
Democracia sem liberdade é como um carro sem motor. É excelente para mostrar a quem passa, mas não nos tira do buraco onde estamos.