Ideias Livres

domingo, junho 06, 2010

O Comunismo e a destruição de valor - Caso prático

Parece que descobriram na Venezuela mais de 3000 contentores com produtos alimentares estragados, oriundos do Brasil e de Portugal e que haviam entrado no país no âmbito dos vários esquemas montados por Hugo Chávez (depois de ter destruído o sistema produtivo nacional e os vários canais normais de mercado que permitiam no passado fazer este tipo de trocas como quem compra um chupa...).

Claro que quando as coisas correm bem - ou pelo menos aparentemente bem - os louros são de Chávez e da sua Revolução Bolivariana, quando correm mal são da ganância humana e de meia dúzia de corruptos que devem ser rapidamente punidos, mesmo que não tenham culpa nenhuma.

Este é o comunismo real. Sem incentivos para fazer a sociedade funcionar, as coisas que nos parecem mais básicas e óbvias deixam de acontecer. Se ninguém ganha nada por fazer chegar o produto à ponta final da cadeia, ele pura e simplesmente não vai chegar lá. Em vez de se permitir que tudo flua de forma orgânica e natural, com base em transparência económica e preços de mercado, centraliza-se e pensa-se que se pode prever tudo. Mas o ser humano é imprevisível, as suas decisões são dinâmicas e nenhum "vidente" conseguirá substituir o trabalho da famosa mão invisível.

sexta-feira, junho 04, 2010

Mais morto que Vivo

O episódio Vivo tem posto a nu as incongruências do pensamento económico comunista pós-privatizações.

A esquerda marxista, partidária ou sindical, passa todo o seu abundante tempo de antena a discorrer sobre o interesse nacional e os centros estratégicos de poder, mantendo uma perspectiva de absoluta xenofobia económica.

Para eles, está em causa a manutenção de sectores estratégicos do serviço público em mãos portuguesas. Claro que este argumento é fortemente fundamentado em questões de ordem táctica, visto o grande objectivo de PC, BE e satélites sindiciais ser a renacionalização dessas empresas. Mas o seu medo ao grande capital anónimo (mesmo que sejam os seus PPRs...) é tal, que preferem tê-lo sob o controlo de meia dúzia de protegidos do sistema, mais facilmente atingíveis pelo "chicote" popular, do que nas mãos de empresas sedeadas em Madrid, Londres ou Nova Iorque e que se estão nas tintas para o que Louçãs e Jerónimos dizem em terras lusas.

No entanto, o caso Vivo é particularmente interessante visto abordar a intervenção de uma empresa privada portuguesa no estrangeiro. Seria de supôr, em nome da legitimidade popular sobre a economia, que os comunistas defenderiam a alienação de todos os investimentos realizados fora de Portugal. Às empresas portuguesas deve caber a satisfação das necessidades dos portugueses, não dos paulistas. Seria por isso expectável que defendessem a alienação imediata de todos os negócios além-fronteiras - como era aliás a situação antes das privatizações. Mas eis que não. Ainda terça-feira assisti a Ruben de Carvalho defendendo a utilização da golden share para impedir este negócio, o qual permitiria uma simpática entrada de divisas, alguma distribuição de dividendos devidamente tributada e a redução da PT à realidade geográfica nacional.

Sem ideologia, sobra apenas a demagogia...