Ideias Livres

quinta-feira, agosto 16, 2007

E agora, onde estão as câmeras?

Ontem, perto das 20:00 h, a ASAE encerrou o Continente do LoureShopping que, por ser feriado e por termos em vigor uma lei castradora da liberdade económica e social, devia ter fechado portas às 13:00 h.

Desta vez não havia televisões a filmar a justiça a ser posta em prática. Nem agentes encapuçados amedrontando civis. Não havia propaganda moralista, explicando como nos salvavam de frigideiras com óleo usado e de colheres de pau. De como construíam, para nós, um mundo asséptico, à prova de bactéria. E de contrafacção. Não. Desta vez havia apenas uma lei estúpida e estupidificante, prepotente e limitativa, criada em nome de uma minoria em nada beneficiada pela sua aplicação e que nem o "politicamente correcto" consegue tentar justificar. E a ASAE, a polícia burocrática, a pô-la em prática. Sem holofotes.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Restore the Draft? What a Bad Idea

Ler, por favor, a excelente posta de Steven D. Levitt relativa à possibilidade colocada nos EUA pela revista Time de retomar o serviço militar obrigatório - que incluiria o combate efectivo em cenários de guerra.

Começa assim:

Milton Friedman must be turning over his grave at the mere suggestion of a draft. If the problem is that not enough young people are volunteering to fight in Iraq, there are two reasonable solutions: 1) take the troops out of Iraq; or 2) compensate soldiers well enough that they are willing to enlist.

Daqui para a frente é sempre a melhorar...

domingo, agosto 05, 2007

O que é o "doping"?

A notícia caiu como uma bomba entre a elite económica do país. Embora já se houvesse ouvido rumores, todos consideravam tratar-se de uma piada transformada em facto real, como tantos mitos urbanos que conhecemos. Mas afinal era mesmo verdade, para evidente incredulidade de todos os envolvidos. A CMVM decidira, numa decisão sem precedentes e em nome da "verdade competitiva" obrigar os administradores executivos de empresas incluídas no PSI 20 a testes de controlo a substâncias potenciadoras de melhor desempenho intelectual.

Da listagem inicial de substâncias proibidas constam a cocaína e a cafeína, excitantes que visam acelerar a execução e o raciocínio (no caso da segunda substância, a sua dose diária máxima passa a ser de 2 cafés), a nicotina, vista como descompressor, permitindo uma melhor tomada de decisão, totalmente proibida daqui para a frente, bem como um conjunto de anti-oxidantes e complementos minerais que retardam o envelhecimento, garantindo a executivos mais velhos melhores desempenhos e recuperações intelectuais, que lhes permite manterem-se no activo por períodos superiores ao esperado, deturpando a evolução natural da vida.

Esta medidas, conhecidas até hoje apenas no mundo do desporto, poderão ter um enorme impacto na estrutura das principais empresas nacionais. Vários administradores, sondados pela comunicação social mas que preferiram manter o anonimato, disseram já ter muita dificuldade em manter o seu desempenho sem o recurso a algumas das substância proibidas. O número de horas de sono teria, segundo eles, que aumentar, podendo pôr em risco a estabilidade das famílias. O impacto nos resultados futuros destas empresas é desconhecido, mas o mercado reagiu em baixa a esta notícia, tendo o PSI20 perdido cerca de 7% antes da suspensão da sessão.
Para os defensores desta regulação, muitas destas substâncias não apenas aumentam o desempenho como prejudicam a saúde dos que as consomem (como são o caso da cocaína, da cafeína e da nicotina). Esta correlação promove a degradação da qualidade de vida dos executivos envolvidos, que muitas vezes apenas recorrem mais as estas substâncias pela pressão de sucesso a que os accionistas os submetem.

Vozes críticas desta decisão da entidade reguladora fizeram já notar tratar-se o argumento da verdade competitiva de uma falsa questão. Segundo eles, a CMVM esquece, com esta decisão, a enorme diversidade de capacidades entre os vários administradores, os seus diferentes hábitos alimentares e físicos, as suas distintas realidades familiares e pessoais, em suma, um universo de diferenças em que o consumo das agora proibidas substâncias são apenas uma parcela, com maior ou menor relevo consoante as opções de cada um e a realidade de trabalho das empresas em que trabalham.

Entretanto, novos rumores referem-se à possibilidade de medidas deste tipo serem alargadas a outras actividades, nomeando-se, a título de exemplo, os estudantes, quer nas provas de acesso à universidade quer nas que executam ao longo da sua formação superior. A Delta Cafés e a Tabaqueira demonstraram-se já "extremamente preocupados" com tal possibilidade. Algumas vozes anónimas soltaram já um desabafo a esta possíbilidade, dizendo "todos tomam essas substâncias. Se as proibirem os resultados vão baixar, disso não tenho dúvidas... eu, de manhã, duvido que consiga resolver uma equação diferencial..."