Ideias Livres

sexta-feira, dezembro 28, 2007

A superioridade moral do mercado

Excelente artigo de Tom Palmer, do Cato Institute, que li na versão portuguesa, no Ordem Livre.

[...] A mais elementar fundação da sociedade humana não é o amor, nem mesmo a amizade. Amor e amizade são os frutos de benefício mútuo através da cooperação, seja em grupos grandes ou pequenos. Se esse auxílio mútuo não fosse possível, o que é bom para Pedro seria ruim para Paulo, e vice-versa. Pedro e Paulo jamais poderiam cooperar um com o outro. Não poderiam ser colegas nem amigos. É o mercado que permite haver cooperação mesmo entre aqueles que não se conhecem pessoalmente, que não compartilham da mesma religião ou língua, e que talvez nunca se darão conta da existência do outro. São os ganhos potenciais advindos do comércio estruturado sobre direitos de propriedade bem definidos e juridicamente seguros que possibilitam haver caridade entre estranhos e amor e amizade através das fronteiras. Essa é a superioridade moral do mercado.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Que Millennium?

O que está a suceder no Millennium bcp é a triste mas lógica consequência de uma economia cada vez mais dependente, directa ou indirectamente do Estado, por onde passam todos os grandes negócios e esquemas deste país. À sua medida, Sócrates age como Putin e vai controlando, grão a grão, os principais instrumentos de poder não político, procurando - e conseguindo - condicionar a força de quem não está do seu lado. Fê-lo na Media Capital, cercando Balsemão. Fê-lo colocando homens do aparelho nas principais empresas onde o Estado detém participação. Está à beira de o conseguir agora, no maior banco privado, soltando-se do jugo estrangulador do Banco Espírito Santo, habituado a nomear ministros à esquerda e à direita. E estas são péssimas notícias para os portugueses.
São-no porque estas empresas prestariam o melhor serviço possível ao mercado se nele agissem sem qualquer espécie de favorecimento político nem agenda alternativa, de modo transparente e focados no cliente. No entanto, a intervenção política na economia conduz sempre à tomada de decisões que, ao favorecer os agentes políticos, prejudicam alguém. Ou o cliente ou o accionista. Como temos visto, os accionistas têm sido os primeiros a agradecer estes pretensos toques de Midas e a ceder à tentação de vender a alma ao diabo. Se o fazem como agentes racionais que são, é porque julgam poder ganhar com a escolha. Sobra, claro, o cliente, como você e eu, com conta num qualquer banco, elo mais fraco de uma equação em que a força do mercado teve de ceder quota à força do partido.