Sustentar os prazeres das elites
Ontem à noite fui assistir ao Rapto do Serralho, ópera de Mozart, em cena no Teatro de São Carlos. Divertida, demasiado revisteira para o meu gosto, com uma encenação que quis acentuar essa característica fazendo com que os personagens, de vez em quando, soltassem uns apartes em português para o público, do género "Que pomada!" ao descrever a qualidade de um vinho...
Por momentos, podia ter sido o Parque Mayer mas era o São Carlos. Podiam ser classes baixa e média-baixa a rir, mas era uma pequena elite lisboeta que incluía, além do Presidente da República, ex-ministros, famosos advogados e centenas de ilustres representantes das classes dominantes, com um poder económico muito acima da média.
Porém, este espectáculo é indicado como um caso exemplar da necessidade de financiamento público das artes por parte das mesmas elites dominantes que, no fundo, decidem em causa própria, usando o aparelho do Estado e a sua capacidade coerciva para financiar uma actividade que não subsistiria nos moldes em que existe. A ópera no São Carlos, que é vista por uma ínfima minoria da população portuguesa e mesmo da lisboeta, é paga, na sua grande parte, através do Orçamento do Estado, por todos os portugueses, muitos deles não tendo sequer a noção do que é a ópera ou não tendo, pelo menos, jamais assistido a uma. Ou, quem sabe, tendo já ido por duas ou três vezes ao Coliseu assistir a óperas de países de leste, não subsidiadas - e bem... - pelo Estado, enquanto sustentam também um Teatro, um Coro e uma Orquestra onde nunca entrarão e que nunca ouvirão, com o dinheiro obtido pelo esforço do seu trabalho.
Eu acredito que se pode ver boa ópera, em Portugal, sem verbas do Orçamento de Estado. Uma das queixas de quem viu ópera no Coliseu ou no Pavilhão Atlântico foi de que o espaço não era o mais apropriado. Infelizmente, o espaço adequado é detido pelo Ministério da Cultura, que o usa como instrumento de controlo público de toda uma comunidade artística que vive na total dependência e subserviência do Estado. E esta massa de artistas públicos, adormecida nos braços do Orçamento de Estado, impede que espectáculos itinerantes se apresentem no Teatro de São Carlos.
Para mim, enquanto apreciador de ópera, não é relevante que os solistas, os coros e as orquestras sejam portugueses ou de qualquer outra nacionalidade. Quero ver bons espectáculos ao menor preço possível.
Enquanto contribuinte, não posso aceitar que o meu dinheiro seja usado para financiar um luxo que, ou tem procura na sociedade e esta o suporta ou, se não tem, não deve existir. Se o financiamento obscuro de equipas de futebol por parte do Estado é tão veementemente criticado, tratando-se de um espectáculo visto por milhões, como justificar o financiamento quase total de um outro visto por uma ínfima minoria?
Por momentos, podia ter sido o Parque Mayer mas era o São Carlos. Podiam ser classes baixa e média-baixa a rir, mas era uma pequena elite lisboeta que incluía, além do Presidente da República, ex-ministros, famosos advogados e centenas de ilustres representantes das classes dominantes, com um poder económico muito acima da média.
Porém, este espectáculo é indicado como um caso exemplar da necessidade de financiamento público das artes por parte das mesmas elites dominantes que, no fundo, decidem em causa própria, usando o aparelho do Estado e a sua capacidade coerciva para financiar uma actividade que não subsistiria nos moldes em que existe. A ópera no São Carlos, que é vista por uma ínfima minoria da população portuguesa e mesmo da lisboeta, é paga, na sua grande parte, através do Orçamento do Estado, por todos os portugueses, muitos deles não tendo sequer a noção do que é a ópera ou não tendo, pelo menos, jamais assistido a uma. Ou, quem sabe, tendo já ido por duas ou três vezes ao Coliseu assistir a óperas de países de leste, não subsidiadas - e bem... - pelo Estado, enquanto sustentam também um Teatro, um Coro e uma Orquestra onde nunca entrarão e que nunca ouvirão, com o dinheiro obtido pelo esforço do seu trabalho.
Eu acredito que se pode ver boa ópera, em Portugal, sem verbas do Orçamento de Estado. Uma das queixas de quem viu ópera no Coliseu ou no Pavilhão Atlântico foi de que o espaço não era o mais apropriado. Infelizmente, o espaço adequado é detido pelo Ministério da Cultura, que o usa como instrumento de controlo público de toda uma comunidade artística que vive na total dependência e subserviência do Estado. E esta massa de artistas públicos, adormecida nos braços do Orçamento de Estado, impede que espectáculos itinerantes se apresentem no Teatro de São Carlos.
Para mim, enquanto apreciador de ópera, não é relevante que os solistas, os coros e as orquestras sejam portugueses ou de qualquer outra nacionalidade. Quero ver bons espectáculos ao menor preço possível.
Enquanto contribuinte, não posso aceitar que o meu dinheiro seja usado para financiar um luxo que, ou tem procura na sociedade e esta o suporta ou, se não tem, não deve existir. Se o financiamento obscuro de equipas de futebol por parte do Estado é tão veementemente criticado, tratando-se de um espectáculo visto por milhões, como justificar o financiamento quase total de um outro visto por uma ínfima minoria?
1 Comments:
sim senhor...
By AA, at 5:05 da tarde
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