Cavaco e os liberais
LAS, no Causa Liberal - no meu caso, via Insurgente - critica muitas das opções de Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro, acusando-o de responsabilidade pela génese do défice público, em boa parte pelo crescimento da máquina do Estado.
Concordo que parte da responsabilidade lhe caberá, visto ter sido ele, à data, o líder do governo. LAS deveria também salientar as inúmeras privatizações que conduziram a uma diminuição significativa dos funcionários públicos nesse período. E foi, de facto, durante o período guterrista, que o défice público disparou. Cavaco Silva não será um liberal económico, no estilo austríaco. Se assim fosse, dificilmente teria sido primeiro-ministro e seguramente não teria durado dez anos no poder. Se hoje ainda somos poucos a defender tais ideias, há 20 anos só Pedro Arroja o fazia e era visto como um extravagante radical, a quem, de quando em vez, se permitia que dissesse umas palavras - à semelhança do que acontecia com Louçã do outro lado da trincheira. O espectro político abriu e os "dogmas de Abril" foram, aos poucos, desaparecendo.
Estou certo de que hoje Cavaco Silva tem uma abordagem mais liberal da economia. Estou, além disso, seguro, de que o equilíbrio dos défices público e comercial é, para ele, uma questão de grande relevância e de que este não é hoje possível sem economias liberais e competitivas, devido ao saudável avanço da globalização. Por tudo isto, Cavaco, caso vença, poderá dar um contributo interessante para a mudança de mentalidades.
Para terminar, apresento uma curta metáfora que poderá fazer compreender porque um liberal apoia Cavaco Silva nestas eleições presidenciais- senão com entusiasmo, com alguma satisfação:
Imaginemos que queremos ir de Lisboa para o Porto e temos cinco conhecidos que vão sair de Lisboa nesse momento. Esta viagem não é para nós uma viagem qualquer. Há vários anos que a desejamos fazer e nunca conseguimos arranjar modo de a concretizar.
Dois dos viajantes vão para Sul, rumo ao Alentejo e ao Algarve. Outros dois vão só dar um pequeno passeio pela Margem Sul. Há, no entanto, um quinto que vai até Coimbra - ou à Figueira da Foz, para aumentar o simbolismo.
Qual a opção correcta? Aproveitar a boleia e tentar mais tarde arranjar alguém nessa zona que rume a Norte ou ficar parados, só porque não aparece ninguém que nos deixe à porta do nosso destino e continuar em Lisboa lamentando-nos?
Concordo que parte da responsabilidade lhe caberá, visto ter sido ele, à data, o líder do governo. LAS deveria também salientar as inúmeras privatizações que conduziram a uma diminuição significativa dos funcionários públicos nesse período. E foi, de facto, durante o período guterrista, que o défice público disparou. Cavaco Silva não será um liberal económico, no estilo austríaco. Se assim fosse, dificilmente teria sido primeiro-ministro e seguramente não teria durado dez anos no poder. Se hoje ainda somos poucos a defender tais ideias, há 20 anos só Pedro Arroja o fazia e era visto como um extravagante radical, a quem, de quando em vez, se permitia que dissesse umas palavras - à semelhança do que acontecia com Louçã do outro lado da trincheira. O espectro político abriu e os "dogmas de Abril" foram, aos poucos, desaparecendo.
Estou certo de que hoje Cavaco Silva tem uma abordagem mais liberal da economia. Estou, além disso, seguro, de que o equilíbrio dos défices público e comercial é, para ele, uma questão de grande relevância e de que este não é hoje possível sem economias liberais e competitivas, devido ao saudável avanço da globalização. Por tudo isto, Cavaco, caso vença, poderá dar um contributo interessante para a mudança de mentalidades.
Para terminar, apresento uma curta metáfora que poderá fazer compreender porque um liberal apoia Cavaco Silva nestas eleições presidenciais- senão com entusiasmo, com alguma satisfação:
Imaginemos que queremos ir de Lisboa para o Porto e temos cinco conhecidos que vão sair de Lisboa nesse momento. Esta viagem não é para nós uma viagem qualquer. Há vários anos que a desejamos fazer e nunca conseguimos arranjar modo de a concretizar.
Dois dos viajantes vão para Sul, rumo ao Alentejo e ao Algarve. Outros dois vão só dar um pequeno passeio pela Margem Sul. Há, no entanto, um quinto que vai até Coimbra - ou à Figueira da Foz, para aumentar o simbolismo.
Qual a opção correcta? Aproveitar a boleia e tentar mais tarde arranjar alguém nessa zona que rume a Norte ou ficar parados, só porque não aparece ninguém que nos deixe à porta do nosso destino e continuar em Lisboa lamentando-nos?
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