Noites liberais
Quanto ao debate propriamente dito, tenho a salientar o seguinte:
1. Daniel Bessa esteve excelente, com a bonomia que o caracteriza e a desenhar com bastante precisão a fractura política e ideológica que existe hoje entre BE+PCP e o PS. Há, de facto, uma grande diferença entre a posição desta direcção do PS e os partidos à sua esquerda. Foi, em parte, ela que impossibilitou uma coligação em Lisboa ou um maior consenso de esquerda nas eleições presidenciais. A minha dúvida está em saber se todo o PS está ideologicamente com a sua direcção. Espero, honestamente, que sim. Não referiu, porém, também porque não era sua função, uma fractura que começa a existir no PSD e no PP entre liberais e sociais-democratas, conservadores e democratas-cristãos. António Borges aflorou esta questão quando se referiu a uma velha esquerda e nova esquerda e a uma velha direita e uma nova direita. Com a mudança geracional no PS, PSD e PP estas fracturas serão mais evidentes.
2. Daniel Bessa salientou também, de modo cirúrgico, o que o diferencia das ideias liberais mais puras. Disse ter uma repugnância de carácter ideológico ao despedimento sem justa causa, por considerar que o trabalhador é sempre o elo mais fraco da relação laboral. Esta troca de ideias terá sido, a meu ver, das mais ricas do debate, tendo contrapondo Borges com o facto de cada vez mais a especialização dos trabalhadores os colocar do lado forte da balança, visto que o capital das empresas está muitas vezes na posse dos trabalhadores, na forma de capital intelectual.
Por outro lado, concluiu-se que, em Portugal, a legislação e principalmente a interpretação da mesma que fazem os tribunais do trabalho protegem de tal forma os trabalhadores que não é posssível despedir alguém com justa causa.
3. António Borges pode ser, caso queira e consiga, um marco importante para o movimento liberal em Portugal, pois alia um profundo conhecimento técnico a uma sensatez e humanismo típicos de um homem de estado. Para que tal aconteça terá que assumir um destino político e, principalmente através do PSD, proceder a uma campanha de evangelização liberal que ponha fim a uma série de dogmas socialistas e tradicionalistas, que dominaram este país nos últimos 150 anos. Pelo que vi dele esta quarta-feira, tem o perfil adequado para isso. É verdade que estava num ambiente propício para tal mas soube apresentar políticas liberais com uma postura desarmante de tão tranquilizadora, justificando de forma pragmática e não dogmática as suas ideias e opções.
4. Pires de Lima a seu lado, embora como moderador, não ficou nada mal. Tem, desde há muito, postura de estadista. Daria um óptimo vice-primeiro-ministro...
5. A organização está de parabéns e ficamos à espera do próxima noite lisboeta, dedicada à relação da Direita com os jovens adultos, após uma incursão pelo Porto que focará a regionalização/descentralização.
1. Daniel Bessa esteve excelente, com a bonomia que o caracteriza e a desenhar com bastante precisão a fractura política e ideológica que existe hoje entre BE+PCP e o PS. Há, de facto, uma grande diferença entre a posição desta direcção do PS e os partidos à sua esquerda. Foi, em parte, ela que impossibilitou uma coligação em Lisboa ou um maior consenso de esquerda nas eleições presidenciais. A minha dúvida está em saber se todo o PS está ideologicamente com a sua direcção. Espero, honestamente, que sim. Não referiu, porém, também porque não era sua função, uma fractura que começa a existir no PSD e no PP entre liberais e sociais-democratas, conservadores e democratas-cristãos. António Borges aflorou esta questão quando se referiu a uma velha esquerda e nova esquerda e a uma velha direita e uma nova direita. Com a mudança geracional no PS, PSD e PP estas fracturas serão mais evidentes.
2. Daniel Bessa salientou também, de modo cirúrgico, o que o diferencia das ideias liberais mais puras. Disse ter uma repugnância de carácter ideológico ao despedimento sem justa causa, por considerar que o trabalhador é sempre o elo mais fraco da relação laboral. Esta troca de ideias terá sido, a meu ver, das mais ricas do debate, tendo contrapondo Borges com o facto de cada vez mais a especialização dos trabalhadores os colocar do lado forte da balança, visto que o capital das empresas está muitas vezes na posse dos trabalhadores, na forma de capital intelectual.
Por outro lado, concluiu-se que, em Portugal, a legislação e principalmente a interpretação da mesma que fazem os tribunais do trabalho protegem de tal forma os trabalhadores que não é posssível despedir alguém com justa causa.
3. António Borges pode ser, caso queira e consiga, um marco importante para o movimento liberal em Portugal, pois alia um profundo conhecimento técnico a uma sensatez e humanismo típicos de um homem de estado. Para que tal aconteça terá que assumir um destino político e, principalmente através do PSD, proceder a uma campanha de evangelização liberal que ponha fim a uma série de dogmas socialistas e tradicionalistas, que dominaram este país nos últimos 150 anos. Pelo que vi dele esta quarta-feira, tem o perfil adequado para isso. É verdade que estava num ambiente propício para tal mas soube apresentar políticas liberais com uma postura desarmante de tão tranquilizadora, justificando de forma pragmática e não dogmática as suas ideias e opções.
4. Pires de Lima a seu lado, embora como moderador, não ficou nada mal. Tem, desde há muito, postura de estadista. Daria um óptimo vice-primeiro-ministro...
5. A organização está de parabéns e ficamos à espera do próxima noite lisboeta, dedicada à relação da Direita com os jovens adultos, após uma incursão pelo Porto que focará a regionalização/descentralização.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home