Breve resumo de um golpe
O que aqui o próprio Pedro Lomba explica ter acontecido, na sequência de um artigo seu no Público, é (mais) uma demonstração indirecta mas cabal do comportamento promíscuo do Governo socialista na economia.
Afinal, ficamos todos esclarecidos sobre qual o real significado da Terceira Via, o conceito político criado por Anthony Giddens e levado à prática por Tony Blair nos anos 90, quando aplicado à mediocridade política e humana do nosso país. Se de um lado temos a velha esquerda que defende a nacionalização da economia para controlo da mesma pelo Estado e do outro - em teoria, pelo menos, mas raramente em Portugal - a Direita que considera que esses meios de produção devem estar nas mãos dos Privados, longe da influência do Estado, eis que surge um grupo de visionários que, não assumindo formal e juridicamente o controlo da economia, a manobra nos bastidores através da manipulação de grandes grupos económicos privados, a troco de privilégios políticos que estes garantem num chorrilho de oportunidades criadas pelo Estado, num país em que este representa 50% do PIB. Ganham todos os intervenientes, perdem todos os outros portugueses, enquanto contribuintes pelo aumento da despesa pública, enquanto cidadãos pelo proteccionismo dado a estes grupos, em prejuízo de outros exclusivamente preocupados em servir da melhor forma os seus clientes.
Estas Parcerias Público-Privadas, cada vez menos discretas, começaram nos grupos que surgiram após as privatizações dos últimos 20 anos, na PT, na EDP e na Galp, em nome de um suposto "interesse estratégico nacional". Com o aumento do peso do Estado na economia, foram alastrando para as Obras Públicas, sector que depende de forma desproporcional do Estado e dos elefantes brancos que este vá criando para o alimentar, com mais auto-estradas, TGVs e aeroportos, quando já não existem Expos e Europeus de futebol. Não foi, por isso, de estranhar a sábia e clara decisão da Mota-Engil ao convidar Jorge Coelho para seu CEO. Como ainda iam sobrando alguns sectores da economia difíceis de domar, houve que criar novos interesses e desígnios que justificassem um reforço do poder do Estado - indirectamente claro. Surgiu, por isso, a febre das Novas Energias, chamemos-lhe assim, à qual rapidamente acorreram mais uns quantos grupos económicos, sedentos de tirar proveito desta nova frente progressista e dos benefícios económicos daí derivados. Sobravam ainda dois sectores económicos onde o Estado não conseguia mover os seus interesses da forma desejada por este grupo, heterogéneo na origem mas homogéneo na vacuidade ideológica e no apêgo supremo ao poder. Na banca, não parecendo bastar o controlo do maior banco português, a Caixa Geral de Depósitos, surgiu a oportunidade - fortuita ou construída? - de realizar um "golpe" accionista no BCP, derrubando uma administração ligada à Opus Dei, frontal inimiga do PS e das suas ligações maçónicas. Quanto aos Media, a evolução do papel das telecomunicações no final do século XX e início desta década ajudou o Estado no projecto de controlo indirecto de vários meios de comunicação social. Aquilo a que temos assistido com a Media Capital e com a Ongoing é apenas mais um episódio de uma longa lista, aqui sumariamente descrita, de episódios de controlo implícito de vários operadores económicos, à custa dos contribuintes e da democracia. O que Pedro Lomba descreve, de forma chocantemente límpida - para mim e aparentemente para quem move os fantoches no Diário Económico - é a história negra do nosso país nos últimos 20 anos e a principal causa da nossa incapacidade para sermos competitivos.
Afinal, ficamos todos esclarecidos sobre qual o real significado da Terceira Via, o conceito político criado por Anthony Giddens e levado à prática por Tony Blair nos anos 90, quando aplicado à mediocridade política e humana do nosso país. Se de um lado temos a velha esquerda que defende a nacionalização da economia para controlo da mesma pelo Estado e do outro - em teoria, pelo menos, mas raramente em Portugal - a Direita que considera que esses meios de produção devem estar nas mãos dos Privados, longe da influência do Estado, eis que surge um grupo de visionários que, não assumindo formal e juridicamente o controlo da economia, a manobra nos bastidores através da manipulação de grandes grupos económicos privados, a troco de privilégios políticos que estes garantem num chorrilho de oportunidades criadas pelo Estado, num país em que este representa 50% do PIB. Ganham todos os intervenientes, perdem todos os outros portugueses, enquanto contribuintes pelo aumento da despesa pública, enquanto cidadãos pelo proteccionismo dado a estes grupos, em prejuízo de outros exclusivamente preocupados em servir da melhor forma os seus clientes.
Estas Parcerias Público-Privadas, cada vez menos discretas, começaram nos grupos que surgiram após as privatizações dos últimos 20 anos, na PT, na EDP e na Galp, em nome de um suposto "interesse estratégico nacional". Com o aumento do peso do Estado na economia, foram alastrando para as Obras Públicas, sector que depende de forma desproporcional do Estado e dos elefantes brancos que este vá criando para o alimentar, com mais auto-estradas, TGVs e aeroportos, quando já não existem Expos e Europeus de futebol. Não foi, por isso, de estranhar a sábia e clara decisão da Mota-Engil ao convidar Jorge Coelho para seu CEO. Como ainda iam sobrando alguns sectores da economia difíceis de domar, houve que criar novos interesses e desígnios que justificassem um reforço do poder do Estado - indirectamente claro. Surgiu, por isso, a febre das Novas Energias, chamemos-lhe assim, à qual rapidamente acorreram mais uns quantos grupos económicos, sedentos de tirar proveito desta nova frente progressista e dos benefícios económicos daí derivados. Sobravam ainda dois sectores económicos onde o Estado não conseguia mover os seus interesses da forma desejada por este grupo, heterogéneo na origem mas homogéneo na vacuidade ideológica e no apêgo supremo ao poder. Na banca, não parecendo bastar o controlo do maior banco português, a Caixa Geral de Depósitos, surgiu a oportunidade - fortuita ou construída? - de realizar um "golpe" accionista no BCP, derrubando uma administração ligada à Opus Dei, frontal inimiga do PS e das suas ligações maçónicas. Quanto aos Media, a evolução do papel das telecomunicações no final do século XX e início desta década ajudou o Estado no projecto de controlo indirecto de vários meios de comunicação social. Aquilo a que temos assistido com a Media Capital e com a Ongoing é apenas mais um episódio de uma longa lista, aqui sumariamente descrita, de episódios de controlo implícito de vários operadores económicos, à custa dos contribuintes e da democracia. O que Pedro Lomba descreve, de forma chocantemente límpida - para mim e aparentemente para quem move os fantoches no Diário Económico - é a história negra do nosso país nos últimos 20 anos e a principal causa da nossa incapacidade para sermos competitivos.
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