Ideias Livres

sábado, maio 17, 2008

Virtudes públicas, vícios privados

José Sócrates fumou num voo intercontinental, a caminho da Venezuela, na companhia do ministro da Economia e outros membros do staff.

Fê-lo em claro desrespeito pelas normas por ele criadas e às quais todos os cidadãos em território sob jurisdição nacional estão sujeitos.

Veio depois a público pedir timidamente desculpas, envergonhado não pelo seu acto mas pelo facto de este ter sido posto a nu. E demonstrando maior preocupação com a mancha - de nicotina - na sua imagem de jovem desportista do que com o modo autocrático como se colocou acima de todos nós.

Se Sócrates tivesse realmente preocupado com o seu acto, não o teria feito. Se apoiou uma legislação que protege os não fumadores de serem expostos ao fumo de terceiros, deveria ter percebido que se deslocava num avião com dezenas de outras pessoas que ali se encontravam a título profissional e que não tinham de ser expostas por essa razão aos resíduos tóxicos do seu hábito. Mas Sócrates, uma vez mais, demonstrou que a sua grande preocupação é parecer, não ser. Ao menos a mulher de César tinha as prioridades correctas...