Imprensa Livre?
A mais que provável compra do Grupo Media Capital pelo Grupo Prisa tem provocado variadas reacções, negativas ou neutras, na opinião pública e no meio político. Importa, porém, separar as águas ao analisar esta aquisição e tentar dissecar as várias questões que se põem, não as confundindo:
1 - Grupo espanhol compra grupo português: mais uma vez, várias vozes se levantam gritando bem alto a perda de independência face a Espanha. Ora, para mim, nem a Media Capital é Portugal, nem a Prisa é Espanha. O primeiro é um grupo de comunicação social e meios, de capitais privados, com um crescimento meteórico e uma excelente administração, que tem sabido compreender o mercado recorrendo a reality shows populistas mas também tem apostado na produção nacional, e com imenso sucesso. O segundo é uma multinacional presente em mais de 20 países na imprensa escrita, na rádio, na televisão e na internet, no mercado editorial e de ensino, e cujo rigor editorial não faz prever uma degradação da qualidade da oferta.
2 - Governos socialistas português e espanhol acordam compra de grupo de comunicação social português por grupo espanhol: A conhecida proximidade do grupo Prisa ao PSOE e as boas relações existentes entre dirigentes socialistas de ambos os lados da fronteira, juntamente com alguns boatos que foram surgindo na comunicação social, que valem o que valem, e com a carta de João Van Zeller, administrador demissionário do Grupo Media Capital, publicada no Expresso desta semana, fazem indiciar uma séria intromissão do poder político nos negócios privados, que, caso se comprove, pode conduzir à bipolarização política forçada da comunicação social portuguesa, à semelhança do que acontece em Espanha, com graves consequências para a dinâmica do mercado.
Falar de imprensa livre, numa perspectiva de total liberdade sem ter que responder a quaisquer pressões, é puro lirismo. As pressões sempre existiram e sempre existirão. É do equilíbrio entre as várias pressões sofridas de grupos políticos, económicos, sociais, ambientalistas, entre outros, e da capacidade de lhes resistir, cuja avaliação é feita pelos consumidores, que se faz a comunicação social. Porém, se as pressões vierem constantemente do mesmo lado, dos mesmos grupos e das mesmas pessoas, esse equilíbrio perde-se, e com ele a imparcialidade jornalística. Caímos num amostra-piloto de um regime caciquista, semelhante ao que dominou o México durante 50 anos.
Esperemos que tal não aconteça, pois o nosso mercado é demasiado pequeno para se poder dar a esses luxos.
1 - Grupo espanhol compra grupo português: mais uma vez, várias vozes se levantam gritando bem alto a perda de independência face a Espanha. Ora, para mim, nem a Media Capital é Portugal, nem a Prisa é Espanha. O primeiro é um grupo de comunicação social e meios, de capitais privados, com um crescimento meteórico e uma excelente administração, que tem sabido compreender o mercado recorrendo a reality shows populistas mas também tem apostado na produção nacional, e com imenso sucesso. O segundo é uma multinacional presente em mais de 20 países na imprensa escrita, na rádio, na televisão e na internet, no mercado editorial e de ensino, e cujo rigor editorial não faz prever uma degradação da qualidade da oferta.
2 - Governos socialistas português e espanhol acordam compra de grupo de comunicação social português por grupo espanhol: A conhecida proximidade do grupo Prisa ao PSOE e as boas relações existentes entre dirigentes socialistas de ambos os lados da fronteira, juntamente com alguns boatos que foram surgindo na comunicação social, que valem o que valem, e com a carta de João Van Zeller, administrador demissionário do Grupo Media Capital, publicada no Expresso desta semana, fazem indiciar uma séria intromissão do poder político nos negócios privados, que, caso se comprove, pode conduzir à bipolarização política forçada da comunicação social portuguesa, à semelhança do que acontece em Espanha, com graves consequências para a dinâmica do mercado.
Falar de imprensa livre, numa perspectiva de total liberdade sem ter que responder a quaisquer pressões, é puro lirismo. As pressões sempre existiram e sempre existirão. É do equilíbrio entre as várias pressões sofridas de grupos políticos, económicos, sociais, ambientalistas, entre outros, e da capacidade de lhes resistir, cuja avaliação é feita pelos consumidores, que se faz a comunicação social. Porém, se as pressões vierem constantemente do mesmo lado, dos mesmos grupos e das mesmas pessoas, esse equilíbrio perde-se, e com ele a imparcialidade jornalística. Caímos num amostra-piloto de um regime caciquista, semelhante ao que dominou o México durante 50 anos.
Esperemos que tal não aconteça, pois o nosso mercado é demasiado pequeno para se poder dar a esses luxos.
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