Regresso ao Passado
O lento regresso ao passado colectivista parece continuar. Na Rússia, “The Whisperers: Private Life in Stalin’s Russia”, o mais recente livro de Orlando Figes, autor premiado de "A People's Tragedy: The Russian Revolution: 1891-1924", viu a sua publicação impedida por falta de editor, alegando-se dificuldades financeiras, mas Figes não tem dúvidas em apontar o dedo ao Kremlin. De facto, Putin tem vindo a promover uma higienização da história da Rússia, como já tinha ficado demonstrado, entre muitos outros, aquando do episódio do novo manual escolar oficial de História Contemporânea da Rússia, ocorrido em 2007.
Se calhar mais do que em qualquer outro período da História a leitura de "O Caminho para a Servidão", de Friedrich Hayek (recentemente republicado em Portugal pelas Edições 70) faz todo o sentido. Assistimos ao ressurgir de movimentos colectivistas, de discursos nacionalistas - lembro-me do êxtase encenado de José Sócrates no último fim de semana quando apelidava o Partido Socialista de "partido patriótico" - e ao despudorado convergir de interesses entre movimentos socialistas (Venezuela, Cuba) e movimentos nacionalistas (Rússia, Irão, Líbia). Claro que todos eles são diferentes, dadas as características autóctones dos mesmos mas todos partilham ideiais comuns: o ódio pela liberdade individual, pelo sucesso anónimo dos indivíduos, pela liberdade que emerge do caos criativo.
Infelizmente, não é apenas nestes países que assistimos a estas tendências, as quais se têm generalizado mesmo nos chamados países ocidentais, onde a cada vez maior influência do Estado e, por arrasto, das elites políticas, tenderá a um acentuar da concentração de poderes. Nos últimos seis meses, através de nacionalizações e "bail-outs", vimo-nos perder alguma da pouca liberdade que havíamos conquistado lentamente nas últimas décadas, apesar do permanente fervor legislativo e regulatório, que teima em nos enredar em processos burocráticos e não produtivos. O fruto do nosso trabalho é uma componente fundamental da nossa liberdade pois é na sua criação que passamos a maioria da nossa vida o e tem sido hipotecado de forma espúria pelo poder político. O permanente crescimento da dívida pública é uma prisão sem cela para todos, presentes e futuros.
Como Hayek tão bem descreve, os movimentos nacionalistas (como o foram, de forma extrema, os Fascistas em Itália e os Nazis na Alemanha ou, de forma moderada, Franco e Salazar na Península Ibérica) são a vanguarda dos movimentos utópicos internacionalistas, socialistas e comunistas. A impossibilidade prática da utopia internacionalista leva o movimento colectivista a fechar-se sobre um grupo socio-culturalmente mais homogéneo, onde consegue uma maior estabilidade. Nesse sentido, o estalinismo foi em si uma consequência lógica do leninismo e com muito poucas diferenças face ao nazismo alemão.
Assim se compreende o respeito de Putin, um nacionalista autoritário, por Estaline. Porque, como Hayek também salienta, para os movimentos colectivistas os fins justificam sempre os meios, independentemente da brutalidade dos mesmos.
Se calhar mais do que em qualquer outro período da História a leitura de "O Caminho para a Servidão", de Friedrich Hayek (recentemente republicado em Portugal pelas Edições 70) faz todo o sentido. Assistimos ao ressurgir de movimentos colectivistas, de discursos nacionalistas - lembro-me do êxtase encenado de José Sócrates no último fim de semana quando apelidava o Partido Socialista de "partido patriótico" - e ao despudorado convergir de interesses entre movimentos socialistas (Venezuela, Cuba) e movimentos nacionalistas (Rússia, Irão, Líbia). Claro que todos eles são diferentes, dadas as características autóctones dos mesmos mas todos partilham ideiais comuns: o ódio pela liberdade individual, pelo sucesso anónimo dos indivíduos, pela liberdade que emerge do caos criativo.
Infelizmente, não é apenas nestes países que assistimos a estas tendências, as quais se têm generalizado mesmo nos chamados países ocidentais, onde a cada vez maior influência do Estado e, por arrasto, das elites políticas, tenderá a um acentuar da concentração de poderes. Nos últimos seis meses, através de nacionalizações e "bail-outs", vimo-nos perder alguma da pouca liberdade que havíamos conquistado lentamente nas últimas décadas, apesar do permanente fervor legislativo e regulatório, que teima em nos enredar em processos burocráticos e não produtivos. O fruto do nosso trabalho é uma componente fundamental da nossa liberdade pois é na sua criação que passamos a maioria da nossa vida o e tem sido hipotecado de forma espúria pelo poder político. O permanente crescimento da dívida pública é uma prisão sem cela para todos, presentes e futuros.
Como Hayek tão bem descreve, os movimentos nacionalistas (como o foram, de forma extrema, os Fascistas em Itália e os Nazis na Alemanha ou, de forma moderada, Franco e Salazar na Península Ibérica) são a vanguarda dos movimentos utópicos internacionalistas, socialistas e comunistas. A impossibilidade prática da utopia internacionalista leva o movimento colectivista a fechar-se sobre um grupo socio-culturalmente mais homogéneo, onde consegue uma maior estabilidade. Nesse sentido, o estalinismo foi em si uma consequência lógica do leninismo e com muito poucas diferenças face ao nazismo alemão.
Assim se compreende o respeito de Putin, um nacionalista autoritário, por Estaline. Porque, como Hayek também salienta, para os movimentos colectivistas os fins justificam sempre os meios, independentemente da brutalidade dos mesmos.
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