O Investimento Público e o Natal
Todos os anos, pelo Natal, as famílias têm por hábito trocar presentes entre si. Aquilo que começou como um momento íntimo e simbólico de partilha transformou-se, com o crescimento do poder de compra na sociedade ocidental - e com algumas políticas que claramente o catalisaram, como o subsídio de Natal - num surto consumista febril. Ao fim da noite de 24 damos por nós atafulhados com livros que não queremos, pijamas que não usamos e muitas outras coisas que, agregadas, representam uma percentagem significativa do consumo anual das famílias. Estamos claramente na presença de uma ineficiência económica do nosso sistema social que felizmente muitas famílias têm começado a contrariar (na minha, acordámos valores máximos em 2007 e estamos a analisar que medidas adicionais deveremos adoptar para o Natal de 2008).
Ao fazer uma rápida pesquisa na internet relativa a este tema deparei com um artigo na The Economist de Dezembro de 2001 (Is Santa a deadweight loss?) em que se discutia precisamente este tópico. Aparentement, há já alguns estudos dedicados a este assunto e um artigo publicado na American Economic Review, em 1993, por Joel Waldfogel, intitulado The Deadweight Loss of Christmas, que avaliava, por baixo, o desperdício económico do Natal nos EUA em 4 biliões de dólares. Mais recentemente, o mesmo autor, na revista Slate, num artigo sob o interessante nome de The Sovereign vs. the Idiot, descrevia a continuação deste estudo, chegando a um desperdício médio relativo de entre 10 e 18% do valor dos bens trocados (artigo completo disponível aqui).
O que é que tudo isto nos diz? Algo que os defensores das teorias liberais e da liberdade individual há muito alegam. Ninguém melhor do que cada indivíduo para decidir o melhor destino a dar à sua propriedade, seja o fruto directo do seu trabalho seja, neste caso, o fruto de uma relação social de amizade. E as consequências desta análise são tão profundas quanto as questões que novamente se colocaram na ordem do dia relativas ao pretenso papel milagroso do investimento público. O investimento público não é mais do que um "presente" que os políticos decidem dar aos cidadãos, considerando que ao fazê-lo estão a tomar a melhor decisão possível para o futuro dos mesmos. Tal como a avózinha pensa que um determinado pijama é a melhor coisa a dar ao neto. Com uma diferença adicional, os decisores políticos estão a muito maior distância social dos cidadãos do que os seus familiares, pelo que tenderão a falhar na escolha dos nossos desejos por mais do que estes, o que permite minorar o desperdício desse investimento nos tais 10 a 18% de que fala Waldfogel. O céu é o limite.
Ao fazer uma rápida pesquisa na internet relativa a este tema deparei com um artigo na The Economist de Dezembro de 2001 (Is Santa a deadweight loss?) em que se discutia precisamente este tópico. Aparentement, há já alguns estudos dedicados a este assunto e um artigo publicado na American Economic Review, em 1993, por Joel Waldfogel, intitulado The Deadweight Loss of Christmas, que avaliava, por baixo, o desperdício económico do Natal nos EUA em 4 biliões de dólares. Mais recentemente, o mesmo autor, na revista Slate, num artigo sob o interessante nome de The Sovereign vs. the Idiot, descrevia a continuação deste estudo, chegando a um desperdício médio relativo de entre 10 e 18% do valor dos bens trocados (artigo completo disponível aqui).
O que é que tudo isto nos diz? Algo que os defensores das teorias liberais e da liberdade individual há muito alegam. Ninguém melhor do que cada indivíduo para decidir o melhor destino a dar à sua propriedade, seja o fruto directo do seu trabalho seja, neste caso, o fruto de uma relação social de amizade. E as consequências desta análise são tão profundas quanto as questões que novamente se colocaram na ordem do dia relativas ao pretenso papel milagroso do investimento público. O investimento público não é mais do que um "presente" que os políticos decidem dar aos cidadãos, considerando que ao fazê-lo estão a tomar a melhor decisão possível para o futuro dos mesmos. Tal como a avózinha pensa que um determinado pijama é a melhor coisa a dar ao neto. Com uma diferença adicional, os decisores políticos estão a muito maior distância social dos cidadãos do que os seus familiares, pelo que tenderão a falhar na escolha dos nossos desejos por mais do que estes, o que permite minorar o desperdício desse investimento nos tais 10 a 18% de que fala Waldfogel. O céu é o limite.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home