Mais um equívoco politicamente correcto
Vi ontem nas páginas do Público um anúncio da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República ou seja, pago com os nossos impostos, anunciando para o mesmo dia uma conferência subordinada ao tema "Unitaid - A Globalização solidária: O porquê de uma taxa sobre bilhetes de avião para ajuda humanitária e desenvolvimento", que contou entre outros com a presença do MNE francês.
Após pequena pesquisa no site da Unitaid, descubro que o objectivo deste movimento é o financiamento de cuidados de saúde e tratamento para doentes de SIDA, malária e tuberculose em países de terceiro mundo ou em vias de desenvolvimento.
And yet, there are drugs to fight aids, malaria and tuberculosis.
The problem is ensuring access to these drugs at an affordable price for everyone in developing countries.
That is the reason UNITAID was created.
The problem is ensuring access to these drugs at an affordable price for everyone in developing countries.
That is the reason UNITAID was created.
Qual foi então o conceito peregrino para financiamento sustentado do projecto? Donativos voluntários de empresas e pessoas? Convencer os governos dos vários países envolvidos a dedicarem uma pequena percentagem do seu orçamento a esta organização? Ou, quem sabe, canalizar o grosso das tarifas impostas aos produtos de terceiro mundo para este fim, amenizando o impacto negativo que estas medidas proteccionistas têm na economia desses países e, em consequência, na qualidade de vida dos seus cidadãos? Não.
Decidiram, em vez disso, impôr uma taxa sobre cada bilhete de avião emitido nos países participantes, chamando-lhe demagogicamente Globalização Solidária. No fundo, a mensagem que parece transparecer é de que a incapacidade de tratar estas doenças e de providenciar cuidados de saúde de primeiro mundo no resto do globo é em grande parte da responsabilidade de quem viaja de avião. Aparentemente, a globalização fomenta a SIDA, a malária e a tuberculose e impede o seu tratamento. Se de repente deixássemos de andar de avião, suponho que todos esses males desapareceriam...
O disparate é de tal ordem que se acaba por confundir solidariedade com imposto, ajuda humanitária com taxas obrigatórias. Uma vez mais as "elites esclarecidas" fartam-se de tentar convencer os cidadãos a abrir a carteira voluntariamente, preferindo meter-lhe a mão no bolso. Um roubo humanitário.
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