Ideias Livres

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Economist 101

Duas notícias interessantes no Economist da semana passada:

1. A procura de milho para produção de bioetanol (o vulgar álcool), combustível componente da gasolina fortemente subsidiado nos EUA por força do lobby dos agricultores do Midwest - e também nalguns países europeus, como a França, onde o mesmo lobby tem uma enorme força - está já a criar as primeiras ondas de choque.
Aparentemente, o preço do milho terá disparado nos EUA, levando os consumidores americanos a procurar produto no vizinho do Sul. Ora o milho, através do seu principal destino, a tortilha, é a base da alimentação mexicana: tacos e enchiladas não existem sem ela e o seu preço duplicou nos últimos meses.
Este é o primeiro sinal de muitos que o mercado dará, à medida que os vários subsídios estatais para a produção de energia não-fóssil forem sendo distribuídos, de forma muitas vezes contraditória e ao sabor do vento político, pelos vários governos do 1º mundo.
Uma vez mais, os políticos voltaram a ceder ao populismo e aos grupos de pressão. Desta feita, no sector da energia, mas com implicações em toda a cadeia alimentar. Teme-se já uma escalada nos preços dos cereais a nível mundial à custa dos subsídios e quotas estabelecidos. Muito me resta ainda dizer sobre esta tema mas palpita-me que, infelizmente, terei inúmeras oportunidades pela frente.

2. Riquexós em Calcutá

O governo comunista da região de Bengala, na Índia, cuja capital é Calcutá, decidiu proibir os riquexós puxados pelo homem, por considerá-los inumanos.
Como os conceitos de humanidade não se estabelecem por decreto, cerca de 18.000 puxadores de riquexós protestam contra esta vontade por destruir o seu ganha-pão. Estes homens vêm normalmente de regiões mais pobres da Índia (normalmente de Bihar) e têm em Calcutá a possibilidade de ter um trabalho devidamente remunerado e uma vida organizada. Infelizmente, parece que os marxistas de Bengala acham que puxar riquexós à mão é uma actividade degradante e é claramente melhor não ter emprego e pedir pelas ruas. O comunismo ao serviço do povo, again and again.