Regresso ao Futuro
Estive a primeira quinzena de Outubro em Marrocos, de férias.
Conseguimos dar a volta ao país - bom, se não contarmos com a metade sul, correspondente ao Saara Ocidental e com grandes restrições logísticas ao acesso: barreiras policiais a cada 50 kms e inexistência de postos de abastecimento, por exemplo. Fomos direitos ao deserto, sempre para sul, até Erfoud, depois seguimos para Marraquexe, a Oeste, Essaouira e El-Jadida (antiga Marzagão, fundada pelos portugueses), junto à costa, depois Fez, uma das cidades imperiais e, finalmente, Chefchaouen, azul e branca no sopé da montanha e também destino de muitos narcoturistas por se encontrar na zona de produção de haxixe.
Marrocos pareceu-me um país com duas identidades distintas. Uma, tradicional, muito ligada ao islamismo, ao passado, à rica história da nação marroquina mas, ao mesmo tempo, sem rumo nem ambição, entalada entre a Idade Média e a Modernidade e parecendo recusar a evolução por lhe parecer um sinal de derrota face ao Ocidente. Ou apenas porque não faz parte do seu dicionário. Outra, liberal e moderna, ocidentalizada mas, ao mesmo tempo, respeitadora dos hábitos e costumes mais antigos, embora sem o mesmo dogmatismo doutrinário.
Será do equilíbrio entre estas duas realidades que terá de nascer um novo Marrocos, que aproveitará o potencial da proximidade à Europa e da aliança antiga com os EUA. Um Marrocos de turismo, com a exploração do seu enorme património histórico, que tem de ser recuperado e enquadrado, e da sua beleza natural, desde a costa, com praias semelhantes às nossas da costa atlântica, ao Atlas, com turismo rural ou de desportos de Inverno e ao deserto, para os adeptos do "todo-o-terreno" ou apenas de uma paisagem deslumbrante e acalmante. Um Marrocos de indústria e design, explorando as capacidades técnicas e artísticas dos seus povos e adaptando-as às exigências do mercado, competindo facilmente com a oferta asiática pelos menores custos de transporte. Mas este não é o Marrocos de 2006, perdido no que foi e não voltará a ser. Muitas vezes vi naquele povo o rosto dos portugueses de há 50 anos atrás e apercebi-me das mudanças incríveis que nos aconteceram e que, apesar das dificuldades e do muito que temos pela frente, nos colocaram no século XXI. Atravessar de ferry de Tânger para Tarifa é hoje um regresso ao futuro.
Conseguimos dar a volta ao país - bom, se não contarmos com a metade sul, correspondente ao Saara Ocidental e com grandes restrições logísticas ao acesso: barreiras policiais a cada 50 kms e inexistência de postos de abastecimento, por exemplo. Fomos direitos ao deserto, sempre para sul, até Erfoud, depois seguimos para Marraquexe, a Oeste, Essaouira e El-Jadida (antiga Marzagão, fundada pelos portugueses), junto à costa, depois Fez, uma das cidades imperiais e, finalmente, Chefchaouen, azul e branca no sopé da montanha e também destino de muitos narcoturistas por se encontrar na zona de produção de haxixe.
Marrocos pareceu-me um país com duas identidades distintas. Uma, tradicional, muito ligada ao islamismo, ao passado, à rica história da nação marroquina mas, ao mesmo tempo, sem rumo nem ambição, entalada entre a Idade Média e a Modernidade e parecendo recusar a evolução por lhe parecer um sinal de derrota face ao Ocidente. Ou apenas porque não faz parte do seu dicionário. Outra, liberal e moderna, ocidentalizada mas, ao mesmo tempo, respeitadora dos hábitos e costumes mais antigos, embora sem o mesmo dogmatismo doutrinário.
Será do equilíbrio entre estas duas realidades que terá de nascer um novo Marrocos, que aproveitará o potencial da proximidade à Europa e da aliança antiga com os EUA. Um Marrocos de turismo, com a exploração do seu enorme património histórico, que tem de ser recuperado e enquadrado, e da sua beleza natural, desde a costa, com praias semelhantes às nossas da costa atlântica, ao Atlas, com turismo rural ou de desportos de Inverno e ao deserto, para os adeptos do "todo-o-terreno" ou apenas de uma paisagem deslumbrante e acalmante. Um Marrocos de indústria e design, explorando as capacidades técnicas e artísticas dos seus povos e adaptando-as às exigências do mercado, competindo facilmente com a oferta asiática pelos menores custos de transporte. Mas este não é o Marrocos de 2006, perdido no que foi e não voltará a ser. Muitas vezes vi naquele povo o rosto dos portugueses de há 50 anos atrás e apercebi-me das mudanças incríveis que nos aconteceram e que, apesar das dificuldades e do muito que temos pela frente, nos colocaram no século XXI. Atravessar de ferry de Tânger para Tarifa é hoje um regresso ao futuro.
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