Convergências

Segundo notícia publicada no Diário Digital, o ministro da Cultura iraniano afirmou o seu desejo de "eliminar a imoralidade da sociedade". Segundo Saffar-Harandi, o controlo do sector cultural é uma prorrogativa do governo que "não deve ser deixada à sociedade". "Ninguém tem o direito de ofender os ideais do povo e do sistema, incluindo no domínio cultural", caso contrário os valores religiosos da República Islâmica «não sobreviverão», afirmou.

Quem é que ainda tinha dificuldade em compreender a convergência de práticas - e a simpatia académica - entre a velha esquerda ocidental esclerosada, estatista e com tiques autoritários e os regimes fundamentalistas muçulmanos? Seria difícil imaginar as afirmações do ministro iraniano na boca do ministro da Cultura cubano (substituindo "valores religiosos da República Islâmica" por "valores revolucionários da República Popular"...) regime explícita ou implicitamente apoiado por quase todos os partidos de esquerda europeus, incluindo os moderados como o PS? Os métodos opressivos de controlo da sociedade usados pelos vários movimentos de influência marxista foram copiados exemplarmente por estes movimentos islâmicos. É fácil culpar os americanos por terem fechado os olhos ao wahabismo saudita em nome de um barril de petróleo mais barato. Mas ninguém culpa a União Soviética pela mistura explosiva que ajudou a criar de marxismo-xiitismo na velha Pérsia e que sempre apoiou o secularismo laico e autoritário dos regimes sírio, egípcio e iraquiano...