A emancipação
Não, não pretendo falar sobre a relação entre pais e filhos e sobre o modo como esta se altera com o final da adolescência e o início da idade adulta. Ou, se calhar, até pretendo. Os últimos dias tiveram como manchete de muitos jornais europeus, antes do (in)esperado e fatídico ocaso de Sharon, a crise energética na Ucrânia, com o eventual corte no abastecimento de gás por parte da Gazprom, ou seja, da Rússia. Infelizmente, muito ao estilo europeu, os media preferiram apontar o dedo à parte forte, sem antes analisarem devidamente a questão. Para o fazer convém ler a afirmação de Paul Robinson, jornalista do The Spectator:
"I don’t believe that I can be alone in having spent a Russian or Ukrainian winter with the windows of my room wide open. Many buildings in that part of the world are dreadfully overheated, for the simple reason that energy is so cheap. Soon, however, Ukrainians will have to learn to close their windows. Until this week, the Russian gas company Gazprom charged Ukrainian consumers $50 for every 1,000 cubic metres of gas they used. On Sunday Gazprom demanded that they pay $230."
Seria também importante salientar que o Ocidente paga aproximadamente o que foi pedido pela Gazprom. Assim se justifica a primeira frase de Paul Robinson. Por mais que doa à esquerda europeia, só um mercado livre, líquido e transparente permite racionalizar custos, com evidentes custos ambientais e económicos, promovendo implicitamente o combate ao desperdício.
Porém, além desta lição de mercado - mais uma... - os ucranianos terão de aprender uma outra, de vida. Após 50 anos vividos sob a protecção paternalista da Grande Ursa, estes escolheram, no passado ano, romper com os laços opressores que os mantinham unidos, elegendo para presidente Viktor Iushenko, o candidato pró-ocidental, e hostilizando a relação com a Rússia quase ao ponto da ruptura.
Como todos nós nos recordamos, a emancipação, por melhor que ela saiba - é, afinal, apenas mais uma expressão da Liberdade - tem os seus custos. E eles passam por uma maior responsabilização, por um sentimento ocasional de desorientação e pela perda da asa protectora que nos mima e protege (a troco, quer queiramos quer não, de um tratamento especial, característico das relações entre pais e filhos). Ao exigir essa emancipação, com tudo o que de bom isso lhe trará, a Ucrânia tem de a saber assumir, cerrar os punhos e seguir em frente - ou seja, pagar pelo gás o que todos pagam na cena internacional. Não o fazer seria dar de si um atestado de menoridade que não merece, e transformar a Revolução Laranja numa crise adolescente.
"I don’t believe that I can be alone in having spent a Russian or Ukrainian winter with the windows of my room wide open. Many buildings in that part of the world are dreadfully overheated, for the simple reason that energy is so cheap. Soon, however, Ukrainians will have to learn to close their windows. Until this week, the Russian gas company Gazprom charged Ukrainian consumers $50 for every 1,000 cubic metres of gas they used. On Sunday Gazprom demanded that they pay $230."
Seria também importante salientar que o Ocidente paga aproximadamente o que foi pedido pela Gazprom. Assim se justifica a primeira frase de Paul Robinson. Por mais que doa à esquerda europeia, só um mercado livre, líquido e transparente permite racionalizar custos, com evidentes custos ambientais e económicos, promovendo implicitamente o combate ao desperdício.
Porém, além desta lição de mercado - mais uma... - os ucranianos terão de aprender uma outra, de vida. Após 50 anos vividos sob a protecção paternalista da Grande Ursa, estes escolheram, no passado ano, romper com os laços opressores que os mantinham unidos, elegendo para presidente Viktor Iushenko, o candidato pró-ocidental, e hostilizando a relação com a Rússia quase ao ponto da ruptura.
Como todos nós nos recordamos, a emancipação, por melhor que ela saiba - é, afinal, apenas mais uma expressão da Liberdade - tem os seus custos. E eles passam por uma maior responsabilização, por um sentimento ocasional de desorientação e pela perda da asa protectora que nos mima e protege (a troco, quer queiramos quer não, de um tratamento especial, característico das relações entre pais e filhos). Ao exigir essa emancipação, com tudo o que de bom isso lhe trará, a Ucrânia tem de a saber assumir, cerrar os punhos e seguir em frente - ou seja, pagar pelo gás o que todos pagam na cena internacional. Não o fazer seria dar de si um atestado de menoridade que não merece, e transformar a Revolução Laranja numa crise adolescente.
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