Olhos bem fechados
"First they came for the Communists, but I was not a Communist, so I didn't speak up. Then they came for the trade unionists, but I was not a trade unionist, so I didn't speak up. Then they came for the Jews, but I was not a Jew, so I didn't speak up. Then they came for me and there was no one left to speak for me."
Reverendo Martin Niemöller (1892-1984)
No turbilhão de opressivas medidas em curso no Irão desde a tomada de posse do presidente Ahmadinejad - num claro exemplo de que, quando achamos que batemos no fundo, as coisas podem sempre piorar... - foi proibida a difusão de música ocidental, pretensa fonte de decadência. O país afasta-se a passos largos de algum tipo de reformismo liberal que parecia despontar, para se afundar num processo de "talibanização" xiita, com a agravante de conter em si uma vertente expansionista ou, pelo menos, de intervenção política externa que não existia no medieval regime afegão. As afirmações antisemitas surreais do presidente iraniano sobre o Holocausto, questionando a extensão e até a veracidade do mesmo, só tiveram no passado igual nas de alguns dirigentes europeus de extrema-direita, e as suas palavras sobre o Estado de Israel, verdadeiro terrorismo de estado, deveriam ter consequências imediatas no âmbito das Nações Unidas, se esta tivesse alguma utilidade.
O grau de liberdade no Irão é extremamente reduzido. Não há liberdade de expressão, económica, religiosa ou de costumes. Estão a anos luz do grau de liberdade que o Ocidente atingiu, fruto das conquistas de séculos.
Mas não devemos, por comparação com situações extremas de opressão, considerarmo-nos intocáveis nas nossas liberdades e deixarmo-nos distrair. A luta pela liberdade é diária e estamos muito longe ainda de uma sociedade verdadeiramente livre e responsável (e não se pode ser uma coisa sem se ser a outra, de uma forma sustentável). Podemos achar ridícula a proibição de música ocidental no Irão, mas ao mesmo tempo temos em discussão, no parlamento português, a obrigação de quotas de música portuguesa nas rádios nacionais, contra a liberdade de escolha das várias difusoras. Podemos considerar hediondas as declarações sobre o Holocausto mas temos em Portugal partidos comunistas e de extrema-esquerda que nunca proferiram uma palavra sobre os genocídios cometidos em nome do ideal utópico que defendem, na ex-URSS, em Cuba, na China de Mao, no Vietname ou no Camboja, querendo desta forma alterar a História na mesma medida que os fundamentalistas árabes.
Por vezes, ao depararmo-nos com situações limite, distantes da nossa realidade, temos uma perspectiva quase caricatural que nos leva a crer que tal nunca nos poderia suceder. Também assim terão pensado na Alemanha de Brecht, de Kurt Weil e de Martin Niemöller.
Reverendo Martin Niemöller (1892-1984)
No turbilhão de opressivas medidas em curso no Irão desde a tomada de posse do presidente Ahmadinejad - num claro exemplo de que, quando achamos que batemos no fundo, as coisas podem sempre piorar... - foi proibida a difusão de música ocidental, pretensa fonte de decadência. O país afasta-se a passos largos de algum tipo de reformismo liberal que parecia despontar, para se afundar num processo de "talibanização" xiita, com a agravante de conter em si uma vertente expansionista ou, pelo menos, de intervenção política externa que não existia no medieval regime afegão. As afirmações antisemitas surreais do presidente iraniano sobre o Holocausto, questionando a extensão e até a veracidade do mesmo, só tiveram no passado igual nas de alguns dirigentes europeus de extrema-direita, e as suas palavras sobre o Estado de Israel, verdadeiro terrorismo de estado, deveriam ter consequências imediatas no âmbito das Nações Unidas, se esta tivesse alguma utilidade.
O grau de liberdade no Irão é extremamente reduzido. Não há liberdade de expressão, económica, religiosa ou de costumes. Estão a anos luz do grau de liberdade que o Ocidente atingiu, fruto das conquistas de séculos.
Mas não devemos, por comparação com situações extremas de opressão, considerarmo-nos intocáveis nas nossas liberdades e deixarmo-nos distrair. A luta pela liberdade é diária e estamos muito longe ainda de uma sociedade verdadeiramente livre e responsável (e não se pode ser uma coisa sem se ser a outra, de uma forma sustentável). Podemos achar ridícula a proibição de música ocidental no Irão, mas ao mesmo tempo temos em discussão, no parlamento português, a obrigação de quotas de música portuguesa nas rádios nacionais, contra a liberdade de escolha das várias difusoras. Podemos considerar hediondas as declarações sobre o Holocausto mas temos em Portugal partidos comunistas e de extrema-esquerda que nunca proferiram uma palavra sobre os genocídios cometidos em nome do ideal utópico que defendem, na ex-URSS, em Cuba, na China de Mao, no Vietname ou no Camboja, querendo desta forma alterar a História na mesma medida que os fundamentalistas árabes.
Por vezes, ao depararmo-nos com situações limite, distantes da nossa realidade, temos uma perspectiva quase caricatural que nos leva a crer que tal nunca nos poderia suceder. Também assim terão pensado na Alemanha de Brecht, de Kurt Weil e de Martin Niemöller.
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