Como salvar África?
Está a decorrer neste momento o Live 8, uma reedição do Live Aid organizado por Bob Geldof há precisamente 20 anos e que tinha como objectivo principal, e bastante nobre, combater a fome em África e especialmente na Etiópia.
Passados 20 anos e mihares de milhões de dólares colocados em África na forma, essencialmente, de alimentos e outros tipos de bens, a situação do continente é hoje, no seu todo, pior do que a inicial. O PIB per capita na Etiópia caiu de 190 para 100 dólares. A população, apesar dos relatos de malnutrição, parece ser capaz de ter uma taxa de natalidade bem superior à de mortalidade, tendo a sua população aumentado de 45 para 72 milhões (!!!) em apenas 20 anos.
Um encontro realizado em Outubro de 2004 em Londres pela Royal African Society, tocou nalgumas das razões que justificam o acima mencionado:
Land belongs to the state and it is then allocated to families; as a result 60% of the population lives on less than 1 hectare of land (starvation plots) and do not have enough land for even minimum food production. The Government is saying that if peasants were able to own land they would sell up and go to cities and there is a general consensus that a population still on the land is an easier population to control. Buerk did speak of some progress made, through certificates of ownership for example, but that there was no possibility of outright ownership, a trend that is discouraging urbanisation. This is a concern because 7 out of 8 people are subsistence farmers; it is very difficult for them to improve their situation when there is a limited urban population to sell your surplus produce to. He also mentioned the lack of an effective system to move food from food surplus areas to deficit areas, or for storing food from good year to bad year. Population pressures are increasing and the government is creating a difficult environment resistant to foreign investment.
Muitos dos países africanos subsarianos, com fluxos regulares de ajuda vinda da Europa e EUA, têm hoje políticas sociais definidas com base nestes apoios. Os seus orçamentos contam já com estas ajudas como um dado adquirido, diminuindo o seu esforço e eternizando o problema. Por mais calculista que possa parecer, a minimização do sofrimento destas populações funciona como barreira ao combate às reais causas do seu subdesenvolvimento. Não creio, portanto, que estejamos a caminhar no bom sentido com este tipo de iniciativas, que exigem o perdão da dívida do G8 aos países de terceiro mundo. Seria, de facto, muito mais interessante ver a comunidade ocidental criticar a falta de direitos de cidadania nesses países, a inexistência de uma economia de mercado que permita corrigir as assimetrias regionais que fazem com que haja abundância e fome em distâncias inferiores a 100 km, que coloque nas mãos das pessoas a escolha do seu destino e não na de políticos centralizadores e totalitários, fruto da revolução marxista fomentada por Moscovo e que varreu África nas décadas de 60, 70 e 80, deixando atrás de si um rasto de destruição social e económica. E não será fechando os olhos ao passado que ajudaremos a corrigir os erros cometidos por esses países. Estaremos, isso sim, a subsidiar a miséria existente e a hipotecar a vida das novas gerações.
A este propósito, recomendo também a leitura de um excelente artigo publicado no New York Times ("Celebrities' Embrace of Africa Has Critics").
Passados 20 anos e mihares de milhões de dólares colocados em África na forma, essencialmente, de alimentos e outros tipos de bens, a situação do continente é hoje, no seu todo, pior do que a inicial. O PIB per capita na Etiópia caiu de 190 para 100 dólares. A população, apesar dos relatos de malnutrição, parece ser capaz de ter uma taxa de natalidade bem superior à de mortalidade, tendo a sua população aumentado de 45 para 72 milhões (!!!) em apenas 20 anos.
Um encontro realizado em Outubro de 2004 em Londres pela Royal African Society, tocou nalgumas das razões que justificam o acima mencionado:
Land belongs to the state and it is then allocated to families; as a result 60% of the population lives on less than 1 hectare of land (starvation plots) and do not have enough land for even minimum food production. The Government is saying that if peasants were able to own land they would sell up and go to cities and there is a general consensus that a population still on the land is an easier population to control. Buerk did speak of some progress made, through certificates of ownership for example, but that there was no possibility of outright ownership, a trend that is discouraging urbanisation. This is a concern because 7 out of 8 people are subsistence farmers; it is very difficult for them to improve their situation when there is a limited urban population to sell your surplus produce to. He also mentioned the lack of an effective system to move food from food surplus areas to deficit areas, or for storing food from good year to bad year. Population pressures are increasing and the government is creating a difficult environment resistant to foreign investment.
Muitos dos países africanos subsarianos, com fluxos regulares de ajuda vinda da Europa e EUA, têm hoje políticas sociais definidas com base nestes apoios. Os seus orçamentos contam já com estas ajudas como um dado adquirido, diminuindo o seu esforço e eternizando o problema. Por mais calculista que possa parecer, a minimização do sofrimento destas populações funciona como barreira ao combate às reais causas do seu subdesenvolvimento. Não creio, portanto, que estejamos a caminhar no bom sentido com este tipo de iniciativas, que exigem o perdão da dívida do G8 aos países de terceiro mundo. Seria, de facto, muito mais interessante ver a comunidade ocidental criticar a falta de direitos de cidadania nesses países, a inexistência de uma economia de mercado que permita corrigir as assimetrias regionais que fazem com que haja abundância e fome em distâncias inferiores a 100 km, que coloque nas mãos das pessoas a escolha do seu destino e não na de políticos centralizadores e totalitários, fruto da revolução marxista fomentada por Moscovo e que varreu África nas décadas de 60, 70 e 80, deixando atrás de si um rasto de destruição social e económica. E não será fechando os olhos ao passado que ajudaremos a corrigir os erros cometidos por esses países. Estaremos, isso sim, a subsidiar a miséria existente e a hipotecar a vida das novas gerações.
A este propósito, recomendo também a leitura de um excelente artigo publicado no New York Times ("Celebrities' Embrace of Africa Has Critics").
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