Ideias Livres

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Dúvida pública

De modo a ilustrar os paradoxos económicos com que nos poderemos deparar dentro de muito pouco tempo, em virtude da ignorância dos nossos políticos, imaginemos um concurso público para adjudicação-relâmpago de obra de manutenção de um edifício público, iniciado no âmbito do pacote de investimento público em obras, para estímulo da economia, ao qual concorrem duas empresas de construção civil.
A primeira, recorrendo a tecnologia de ponta, faz uma proposta de 500.000 euros e um período de execução de 3 meses. Para execução da empreitada, dada a tecnologia empregue, precisará apenas de 2 engenheiros especializados e 10 operários.
A segunda, apresenta um orçamento de 1 milhão de euros e prevê executar a obra em 12 meses, utilizando para o efeito 25 operários e 1 engenheiro de obra, ou seja, daá emprego a 26 pessoas durante um ano.
Qual será a empresa contratada pelo Estado português, que não sabe bem se quer fazer obras ou apenas inventar empregos/ocupações que permitam enganar estatísticas (não vale dizer a do Jorge Coelho...)?

Quando não sabemos para onde vamos, qualquer caminho serve...

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Pensamento do dia

Frase retirada de Meltdown: A Free-Market Look at Why the Stock Market Collapsed, the Economy Tanked, and Government Bailouts Will Make Things Worse, de Thomas E. Woods Jr.:

Culpar a "ganância" pela actual crise financeira é como culpar a gravidade pela queda de um avião.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

O Padre Vermelho

Quem ouviu Francisco Louçã e os seus camisas negras na recente Convenção do Bloco de Esquerda e tem um mínimo de conhecimento da história do século XX só pode ficar preocupado.
O homem a quem algum filho de banqueiro deve ter roubado um chupa nos bancos da escola fala dos "capitalistas" como Göebells falava dos judeus. Aliás não fala, cospe, com asco.

A sua presunção de superioridade moral, aliada ao prazer narcísico pelo mediatismo e pelo discurso para as multidões, é uma imagem parda e pequena - para nosso bem - de Cromwell, Robespierre ou Hitler. É o padre vermelho da Nova Esquerda. As suas palavras são um absoluto incitamento ao ódio, com as repercussões sociais que daí podem advir. Quem ouve falar Louçã ou o líder do PNR encontra semelhanças várias no timbre, no olhar cerrado pela raiva, na procura de culpados morais sobre quem devem recair todos os males do mundo.

A perseguição aos judeus teve sempre como justificação moral a sua acumulação de riqueza, "obscena e gananciosa", à custa dos outros, os "excluídos". O modo como Louçã descreve "os banqueiros, o grande capital, os empresários sem escrúpulos" não difere em nada do mais vil vocabulário empregue pelos nazis na década de 30 contra a comunidade judia. Uma linguagem incendiária, populista e extremista, com direito a directos e prime time.

São sinais de tempos perigosos que se avizinham e que moldarão o século XXI. Esperamos que de modo diferente do que sucedeu na primeira metade do século XX.