Ideias Livres

segunda-feira, junho 18, 2007

E agora, do lado de cá...

Mas Chávez não tem, infelizmente, o monopólio do disparate (dentro em pouco poderá ser mesmo o único que lhe falta...).

Há meses, Chechávez anunciou que, ou as emissoras televisivas paravam de fazer campanha contra ele ou teria de lhes retirar a licença de funcionamento. É a velha estratégia do "podemos fazer com jeitinho ou à força" típica de mentes pouco liberais. Vindo do lado de Caracas, não provocou estranheza.

Agora, porém, foi a vez do comissário europeu da Saúde, Markos Kyprianou, ameaçar a indústria alimentar de que, se esta não deixar voluntariamente de publicitar comida não saudável para crianças, a Comissão Europeia «não terá outra alternativa senão adoptar legislação restritiva».

Claro que o conceito de "comida não saudável" e de "crianças" está escondido dentro da cabeça de cada um, pela sua bitola pessoal. E, a julgar pelas suas afirmações, a bitola do comissário deve ser bem mais abrangente que a da indústria em foco. É sempre mais fácil aos políticos mandar umas bocas pelos jornais do que trabalhar afincadamente no desenvolvimento e negociação de legislação adequada (mesmo que me oponha na esmagadora maioria das vezes à legislite que assola os nossos políticos, desejosos de provar a sua utilidade aos seus eleitores). Mas um estado de direito não pode viver de pressões informais de políticos. Um estado de direito vive com regras claras e simples, do conhecimento de todos. Ameaças são casos de polícia. Ah, e senhor comissário, ai de si se o vejo a abusar do Fetta...

Penoso caminho para o abismo...

Hugo Chávez continua a construir o regime socialista que idealizou para a Venezuela, agora em passo acelerado e sem pudor. Depois de mandar calar as vozes mais incómodas retirando a licença televisiva a quem não lhe prestou vassalagem, a última medida conhecida é a do fim da autonomia administrativa das empresas públicas e a instauração efectiva de uma economia de estado planificada, ao estilo cubano/soviético/albanês.

A fixação de preços de produtos, grande gesto de "solidariedade e socialismo", começou já a conduzir à falência da economia de mercado, como um corpo cujos órgãos começam a falhar por falta de estabilidade. O próximo passo será o da criação de empresas públicas que produzam estes produtos (provavelmente expropriando algumas fábricas aos industriais) e que os vendam a preços que as empresas privadas consideravam não atractivos. Claro que também não conseguirão gerar resultados positivos, mas tudo fica escondido no polvo estatal, alimentado com petróleo enquanto for possível. Os racionamentos surgirão de seguida.

O fim da iniciativa privada está para breve e as consequências para uma nação já de si frágil e cheia de problemas sociais serão gritantes. Durante uns tempos o petróleo ainda conseguirá camuflar tudo isso mas chegará um momento em que a avalanche retrógrada do populismo chavista rebentará, deixando uma nação em escombros. É pena que não se aprenda com a história. Mas o mais natural é que a larga maioria da Humanidade nem sequer a conheça...

segunda-feira, junho 11, 2007

"O Zé faz falta!"

É com esta frase, completamente vazia de significado político, que o Bloco de Esquerda se candidata à CML, às escondidas, com o vermelho e preto trotskista escondido no baú dos seus "tesourinhos deprimentes", tentando aproveitar a moda dos candidatos independentes.

Ora o Zé tem servido, até agora, para empatar. É o chato de serviço. Não quero com isto dizer que não faça falta um chato - é aliás isso que creio que o BE quer dizer com o slogan de campanha. Mas imaginemos o mesmo slogan usado por outros políticos portugueses, ex-candidatos à CML - "O Pedrinho faz falta!" ou "O Paulinho faz falta!" - e conseguimos imaginar o verdadeiro grau de ridículo desta frase (e o que não diriam dela os apoiantes de Sá Fernandes...).

Além do mais, se não me falha a memória, Sá Fernandes conseguia ser chato muito antes de ser vereador municipal. Era já um fartote de providências cautelares e outros instrumentos legais que permitissem tirar real partido da morosidade do sistema jurídico português para congelar decisões estratégicas e operacionais importantes da cidade de Lisboa. Mas era um chato bricoleur. Um chato por hobby. Das 9 às 18 tinha de ganhar para comer. Agora não, é um chato público. Não bastavam todos os funcionários públicos que pouco fazem, agora temos um vereador pago para acalmar aqueles que ainda se vão mexendo. Usa as deficiências do jogo a seu favor. Atrasa o óbvio por pormenores administrativos. Custa-nos muito dinheiro.

Por tudo isto, acho que o slogan de Sá Fernandes está incompleto e descontextualizado. A frase integral da sua campanha, prestes a ser divulgada é:

"Quando o Zé faz falta, o árbitro assobia para o lado!"